terça-feira, 22 de abril de 2014

A ESCOLA LIBERTADORA

Por Vulmar Leite*


Artigo publicado num blog local despertou minha atenção para uma realidade inquestionável, as profundas diferenças entre as escolas privadas e as públicas de educação infantil e ensino fundamental, em nossa Terra. A confissão de uma criança de que gostava da sua escola é uma demonstração cabal de que elas sabem avaliar e perceber o ambiente escolar que frequentam.

A escola de educação infantil e de ensino fundamental tem que ser de boa qualidade em todos os sentidos para que seja atrativa, educadora e transformadora do ambiente social e econômico em que está inserida. Prédios confortáveis e acolhedores; professores qualificados, bem remunerados e com formação pedagógica e humanística em níveis compatíveis com o conhecimento humano, científico e tecnológico que estão disponíveis nas melhores universidades, que sejam capazes compreender, auscultar, ouvir, entender e ensinar as crianças nas suas fases mais decisivas da vida, infância e adolescência, quando desenvolvem o seu potencial cognitivo, plasmam a personalidade e adquirem padrões de convivência social.

As escolas privadas, como é o caso da URI e do Colégio Medianeira, desde há muito perceberam que o ensino tem que ter qualidade para atrair alunos e, efetivamente, os oriundos de famílias de maior poder aquisitivo que podem pagar e frequentar esses educandários. Não é por acaso que muitos gestores e servidores públicos de maior renda matriculam os seus filhos nas escolas privadas. Não posso condená-los por assim agirem, pois estão em primeiro lugar comprometidos em oferecer o que tem de melhor para os seus filhos. O que podemos cobrar-lhe é de que redobrem o esforço e empenho para que as escolas públicas se equiparem às escolas privadas.

A educação para a libertação como conquista universal da sociedade passa por uma rigorosa e vigorosa mudança de postura da classe dirigente e intelectual deste país, em especial da nossa cidade dita educadora. As escolas públicas municipais que, em regra, atendem os segmentos sociais de menor renda, têm que buscar a qualquer preço os mesmos padrões de excelência das escolas privadas. E isso se faz com políticas públicas afirmativas, com boas escolas, professores qualificados não apenas na titulação exigida pela legislação convencional, mas com remuneração justa, compatível e competitiva com os padrões das redes privadas e universidades, além de propostas pedagógicas includentes e alinhadas com os desafios do mundo contemporâneo.

Do contrário, os filhos das famílias de maior poder aquisitivo continuarão acessando escolas de boa qualidade, enquanto os das famílias de menor renda às escolas públicas com as suas conhecidas limitações e idiossincrasias, ampliando, assim, as desigualdades e o acesso às oportunidades de trabalho.

Um tema para debate.

* Engenheiro agrônomo

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