terça-feira, 8 de outubro de 2013

A SAÚDE DO HOSPITAL TEM QUE SER PRESERVADA A QUALQUER PREÇO: PARTE II

Em continuidade a postagem anterior atrevo-me a apontar as causas que, a meu juízo, mantêm aceso esse contencioso que não é bom para a saúde do Hospital de Caridade de Santiago e muito menos para a saúde da população. 

Acredito que a primeira causa é que a população está mais exigente e consciente de seus direitos de cidadania, reivindica melhores serviços de saúde e resolutividade no atendimento do Sistema Público de Saúde e dos planos públicos e privados - SUS, IPE, Unimed, Pronto Saúde, Prefeitura Municipal, conveniados com o Hospital.

As pessoas perderam o temor de protestar, reivindicar e tensionar o tecido social. Há, em marcha, profunda revolução cultural em Santiago. São milhares de pessoas, de todas as idades, que tiveram acesso às universidades, nos seus diversos cursos de formação profissional. Amealharam conhecimento técnico, cientifico e humanístico que os tornam protagonistas de mudanças na forma de pensar, agir e conceber o tipo de sociedade em que querem viver. E os sinais se evidenciam com intensidade a cada dia, com as mais diversas manifestações que ocorrem nas redes sociais, nas ruas, nas instituições e nos espaços públicos, sem temores, com coragem e altivez.

A segunda causa é decorrente da imagem do Hospital perante a comunidade que, a meu juízo, não guarda coerência entre o que o HCS diz que é e oferece, em relação ao que realmente é e pode ofertar aos santiaguenses. Seus limites reais são ignorados pela mídia excessiva e propaganda, às vezes fantasiosa, criando, nas pessoas, expectativas de atendimento que sabidamente serão impossíveis de serem satisfeitas, mercê da limitação estrutural, técnica, instrumental, operacional e médica de atendimento disponível no conceituado nosocômio. A condição atual é ótima em relação ao que foi, mas ainda insuficiente ao que é necessário e demandado pela população!

E, por último, entre outras, a flexibilização dos padrões de gerenciamento administrativo que, dada à expansão da complexidade dos serviços, requer administradores em tempo integral. O atual administrador que imprimiu normas e procedimentos de gestão eficientes, com bons resultados para o Hospital e para a comunidade, hoje, ao que parece, estaria colocando em risco o patrimônio gerencial alcançado, em consequência da redução do seu tempo de dedicação ao Hospital, já que também cuida de outras atividades profissionais - consultorias para empresas, gestão de indústria privada - além de ter ingressado num partido político, com objetivos eleitorais. Essa nova condição assumida, claramente evidenciada em suas constantes exposições midiáticas e atitudes personalistas coladas ao Hospital, contribuem para desfigurar a imagem do administrador competente e configurá-lo como militante partidário que busca, através do relacionamento do Hospital, capitalizar dividendos eleitorais. Os usuários dos serviços hospitalares devem ser tratados isonomicamente, sempre, como pacientes e não como potenciais eleitores.

A pessoa do administrador tem todo o direito de cuidar de outros negócios e, mesmo, de militar e postular espaços de poder político na comunidade em que vive. Mas não tem o direito de, a meu juízo, como administrador, se valer do cargo que ocupa numa instituição comunitária, da natureza do HCS, para fazer proselitismo partidário.

Pessoalmente, tenho apreço pelo atual administrador, pois fomos colegas de aula, alguns meses, no curso de Direito da URI e, muitas vezes, conversamos no retorno das aulas, quando me trazia de carona no seu carro. O doutor Ruy Armando Gessiger, em seu blog, fez importante comentário sobre o HCS, onde, entre outras considerações respeitáveis, pergunta "-Se ... o Administrador do Hospital, que tem firmas lucrativas, que presta consultorias a várias empresas, achar que não vale a pena tanto stress e peça o boné? Concordo em parte, mas não se trata, aqui, de uma questão pessoal e individual, pois o administrador é contratado e remunerado pelo Hospital, deve, portanto, obediência funcional à Irmandade. É ela quem deve analisar a conveniência de manter ou não o administrador, avaliando seu desempenho e foco de suas ações nas rotinas internas; o tempo que efetivamente dedica à gestão do Hospital; e se suas atividades externas são compatíveis e não colidem com a postura requerida e com as cláusulas previstas no seu contrato de trabalho.

O Hospital de Caridade de Santiago é filantrópico, de utilidade pública e da comunidade, sua gestão tem que ser profissional e despartidarizada. Qualquer uso promocional impróprio, com fins estranhos às finalidades da instituição, pode acarretar prejuízos na prestação de serviços de saúde, além de provocar descontentamento e reação generalizada da população.

Penso que chegou a hora da Irmandade fazer valer o seu poder de decisão, pacificar o ambiente de hostilidade e recolocar a administração hospitalar nos seus verdadeiros trilhos. O hospital tem que estar sempre acima das divergências pessoais e políticas, pois é um bem permanente e insubstituível da nossa terra.

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