terça-feira, 11 de junho de 2013

“Atual modelo de democracia representativa está esgotado”, afirma Manuel Castells

Sentimento de indignação e revolta diante de uma injustiça provoca a articulação das pessoas pelas redes, diz Castells | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Samir Oliveira

Um dos principais estudiosos contemporâneos dos movimentos sociais na era da internet, o sociólogo espanhol Manuel Castells esteve em Porto Alegre na noite desta segunda-feira (10), onde promoveu uma palestra sobre o tema no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da UFRGS. Durante uma hora, a língua serena e afiada do intelectual não poupou governos, partidos e organizações ao demonstrar que o atual modelo que entendemos como democrático está esgotado.

Manuel Castells pontua que as novas formas de manifestações — auto-convocadas e articuladas através das redes sociais — demandam uma nova forma de participação dos cidadãos nos processos de decisão do Estado. Ele observa que os atos sempre surgem através de uma emoção: a reação indignada diante de algo que parece injusto. A partir daí, os diversos sentimentos individuais unem-se pelas redes e ganham as ruas pela ocupação de espaços públicos urbanos.

Para o acadêmico espanhol, essa foi a dinâmica que desenvolveu e vem desenvolvendo protestos nos países árabes, na Espanha (com os indignados), nos Estados Unidos (com as ocupações) e, mais recentemente, na Turquia. “Depois da raiva provocada pela indignação, vem a emoção da solidariedade e de nos relacionarmos com os outros frente ao perigo (da repressão). Passar da indignação pessoal à ação coletiva é um processo de comunicação. Neste caso, de comunicação em rede, que é instantânea e transmite o local ao global”, explica.

O estudioso aponta um outro papel relevante da internet para o fortalecimento deste tipo de mobilização: a divulgação veloz e abrangente de imagens da repressão policial que as pessoas sofrem ao ir para as ruas. “O detonante para (ampliar) esses movimentos foi a divulgação na internet de imagens da repressão. Ocorre um processo de identificação. E a transição da indignação à esperança ocorre após deliberações em espaços autônomos – tanto o virtual quanto o espaço público ocupado”, avalia.

Movimentos partem da rede para a ocupação do espaço público urbano

O sociólogo Manuel Castells traçou algumas características que considera comuns entre os movimentos sociais contemporâneos que surgiram como reação a situações de exploração em seus países. A ausência de lideranças estabelecidas é uma consequência do formato horizontal destas mobilizações. Ao mesmo tempo, ele observa que essa estrutura descentralizada “maximiza a possibilidade de participação das pessoas e dificulta a repressão”, além de afastar os movimentos da burocratização interna."

Leia a íntegra do artigo sobre a palestra acessando o link, abaixo:

http://www.sul21.com.br/jornal/2013/06/atual-modelo-de-democracia-representativa-esta-esgotado-afirma-manuel-castells/

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