terça-feira, 26 de julho de 2011

Internet gratuita nos "orelhóes"

Segundo o jornalista Cláudio Humberto, a Oi pretende disponibilizar internet no telefones públicos, conhecidos popularmente com orelhões. Em Santiago, além da Praça Moisés Viana, que conta com Internet gratuita proporcionada pelo Poder Público Municipal, nossos bairros também poderão contar com esse serviço, se, efetivamente o projeto da concessionária se concretizar. Leiam, abaixo:

Telefones públicos podem ter internet

A empresa de telefonia Oi apresentou um projeto que prevê a implantação de internet banda larga sem fio nos telefones públicos espalhados pelo país. Segundo informações da Folha de SP, o serviço será gratuito para o usuário se houver patrocínio para os novos equipamentos. Outra alternativa avaliada é a comercialização de cartões com senhas de acesso. O projeto é uma estratégia da companhia telefônica para tirar 824 mil orelhões do ostracismo que tomou conta do sistema após a popularização do uso do celular. A ideia é utilizar a infraestrutura que conecta os aparelhos a uma central telefônica para oferecer acesso aberto à internet a usuários munidos de telefones, notebooks ou qualquer equipamento habilitado para conexão sem fio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Licença para não falar a verdade

No último dia de seu malfadado governo (31/12/2010), falando a uma platéia de quase dois mil estudantes, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, naquele último dia de seu mandato, estava sendo o homem “mais feliz do mundo”. E emendou, com seu vituperioso auto-elogio: “Eu vou olhar para mim e dizer que não tenho curso superior, mas fui o presidente que mais abriu universidade no Brasil.” Lula estava na cidade de Dourados (MS) para inaugurar quatro prédios da Universidade Federal local.


Mas a história não é assim e Lula como de hábito mentiu. A começar pelos números, que ele diz serem 13 universidades, mas na realidade são apenas 4 Todavia ele não disse  que o ensino universitário de uma marcha-a-ré. A taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 – seis anos de mandato de Lula.
Como se isso não fosse suficiente, 53 obras estão paradas em 20 universidades (incluídas as construídas por Lula). Entre estas vale citar: A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) é a que está com o maior número de obras paradas. São nove, que incluem de prédios de salas de aula no campus de Garanhuns a laboratórios, auditórios e bibliotecas do campus de Serra Talhada. Todas foram iniciadas, nenhuma delas foi inaugurada.

Sobrevivência Política

o QUE DIZ O blog DO NOBLAT.
dILMA SABIA OU NÃO SABIA DO QUE ACONTECIA NOS SUBTERRÂNEOS DO mINISTÉRIO DOS tRANSPORTES?

COMENTÁRIO

Questão de fé

Para não ser acusado de tratar com má vontade todos os governos, deixo de lado, por ora, meu natural ceticismo e sugiro que combinemos assim: apesar de ter sido a mais poderosa e eficiente executiva da história da Casa Civil da presidência da República, Dilma não fazia a mínima ideia da roubalheira perpetrada no ministério dos Transportes.
Falha dela? Talvez sim, talvez não. Mas como Lula em sua infinita sabedoria observou certa vez, que mãe pode afirmar com segurança que sabe tudo o que seus filhos estão fazendo? Impossível! É fato que uma mãe ou um pai não dispõe dos órgãos de controle e fiscalização postos a serviço do governo, mas...
Esqueçam a frase que arremata o parágrafo anterior, expressão do vezo de quem foi instado durante mais de 40 anos a só acreditar em algo depois de esgotadas todas as dúvidas. Como não existe verdade absoluta e, portanto, jamais as dúvidas se esgotam... Perdão! Esqueçam também todo este parágrafo.
Retomo minha profissão de fé naquilo que as almas mais cândidas batizaram de “faxina ética”. E digo: Dilma não sabia da roubalheira. Ponto.
Se quiserem dizer que isso compromete sua imagem de executiva implacável, que o digam.
E tem mais: Paulo Sérgio Passos, novo ministro dos Transportes, também não sabia.
De fato, ele está no ministério desde 1973. Ocupou a secretaria-executiva, o segundo cargo mais importante, entre 2001 e 2003 e novamente em 2007. E de março do ano passado até dezembro substituiu o ministro Alfredo Nascimento, que deixou o cargo para ser candidato a um segundo mandato de senador pelo PR do Amazonas.
Paulo Sérgio é economista. Filiou-se ao PR só para que o partido pudesse se orgulhar de dispor de todos os cargos importantes do ministério. “Porteira fechada” – sabe como é?
O ministério era de Nascimento, do deputado Valdemar Costa Neto (SP), réu no processo do mensalão do PT, e de outras figurinhas carimbadas do PR. E estamos conversados.
Paulo Sérgio não era ouvido nem cheirado por essa gente sobre fraudes em licitações, absurdos aditivos em contratos milionários, superfaturamento e cobrança de comissões generosas para abarrotar os cofres do PR ou os bolsos dos seus caciques. Escondiam tudo do coitado. Não era da turma.
Talvez fosse por isso que Lula tanto gostasse dele. E Dilma também. Era um puro.
Outra coisa que precisa ficar clara: na condição de céptico em recesso, repilo a insinuação de que Dilma só decidiu promover uma “faxina ética” no ministério dos Transportes porque pegaria mal não fazê-lo depois de o lamaçal vir à tona.
Verdade que ela não pensou em faxina quando concluiu que o ministério estava “fora de controle”. Esbravejou, espancou a mesa de reuniões da sala vizinha ao seu gabinete no Palácio do Planalto e concluiu que o ministério carecia de babás. Ofereceu-se para ser uma delas. As outras seriam as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann.
A ficha de Dilma só caiu ao saber que a Polícia Federal acumulara provas dos trambiques e se preparava para prender alguns suspeitos. Aí veio a imprensa e começou a disparar denúncias.
Ok, mas e daí? Dilma correu atrás do prejuízo e cortou cabeças – 17 até o último fim de semana. É isso o que importa. Lula jamais procedeu assim.
Os demitidos serão punidos um dia? Difícil prever. Não é tarefa de Dilma. É da Justiça, lenta, lerda e cega.
A faxina se estenderá a outros ministérios? Dependerá do que a imprensa descobrir. Ou do que vazarem para ela.
Sarney ensinou a seus sucessores que o primeiro compromisso de um presidente deve ser com sua própria sobrevivência.
Há corrupção em quase todas as instâncias do governo. Os partidos brigam por cargos não para ajudar o governo, mas para desviar o máximo de dinheiro possível. A “governabilidade” depende do apoio que eles ofereçam ao governo. E esse apoio vale mais do que os milhões de votos obtidos por Dilma.
Querem o quê? Que Dilma se suicide?
Menos!

sábado, 23 de julho de 2011

O "Guia Genial dos Povos"

O 'nunca antes neste país' agora é pouco.


Blog de Ricardo Setti
Lula não está satisfeito de ter realizado a maior obra de governo desde a chegada das naus de Cabral às costas da Bahia, em 1500.
Não basta que tudo de bom “neste país” haja começado a 1º de janeiro de 2003, data de início do lulalato, nem que o saneamento econômico promovido pelos presidentes Itamar Franco e FHC tenha sido apagado do mapa.
Agora, Lula quer dar – e dá – lições ao mundo.
Temos um novo “Guia Genial dos Povos”.
De Recife, pelas ondas da Rádio Jornal do Commercio, Lula falou para o mundo: “A crise que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, no fundo, é por falta de coragem para tomar decisões políticas e econômicas que precisam ser tomadas”.
O Guia Genial dos Povos, porém, manteve para si mesmo qual é a receita que tem para os Estados Unidos, para a Europa, para o mundo. Provavelmente espera que Barack Obama, Angela Merkel, Hu Jintao, Nikolas Sarkozy e outros líderes frágeis, indecisos e inexperientes façam fila no salão de festas do edifício em que reside, em São Bernardo do Campo (SP), à espera de serem por ele recebidos em seu apartamento, um por um, quando então confidenciará as soluções para a crise mundial.
Falta de coragem.
Será que é a mesma que faltou ao Guia Genial dos Povos para, mesmo surfando em inéditos índices de popularidade…
… fazer a reforma da Previdência que não fez?
… tomar a iniciativa da reforma política?
… enxugar o governo, diminuir despesas — o exato contrário de sua “obra” — e possibilitar a baixa dos juros?
… revelar, enfim, quem foi que o traiu no episódio do mensalão e, em vez de choramingar na TV, exigir que os culpados fossem para a cadeia?
O Guia Genial dos Povos, Lula, mencionar “falta de coragem” em líderes que estão tomando decisões gravíssimas, com implicações para centenas de milhões de pessoas, além de constituir uma piada é, além disso, falar de corda em casa de enforcado.
 Ricardo Setti, via Blog do Noblat 

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mudança de partido no exercício do mandato de prefeito

Consulta sobre a possibilidade dos prefeitos trocarem de partido durante o exercício dos mandatos, dentre os partidos que integram a coligação que os elegeram e sem perda do mandato, foi encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral, pelo polêmico deputado federal, Jair Bolsonaro, pode interessar a muitos prefeitos e vice-prefeitos da nossa região, que estão no exercício dos mandatos.

Vejam o que foi postado no site Consultor Jurídico, abaixo:

TSE responde sobre troca de partido na coligação

Em consulta enviada ao Tribunal Superior Eleitoral, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pergunta se há possibilidade de um prefeito desfiliar-se do seu partido para integrar legenda da mesma coligação que o elegeu sem que seja condenado por infidelidade partidária. A ministra Nancy Andrighi é a relatora da consulta.

Como fundamento para a pergunta, Bolsonaro considera "analogicamente, a decisão do Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Segurança 30.260 e 30.272, julgados em 27 de abril de 2011, no sentido de que, ocorrendo vaga de titular de mandado parlamentar, esta vaga pertence ao suplente da coligação, e não ao partido". Desta forma, o cargo pertenceria a coligação e não ao partido e, com isso, seria pertinente a indagação sobre a possibilidade do prefeito eleito poder transferir-se para outro partido que integrou à coligação que disputou a eleição.

De acordo com o artigo 23, inciso XII, do Código Eleitoral, cabe ao TSE responder às consultas sobre matéria eleitoral, feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político. A consulta não tem caráter vinculante, mas pode servir de suporte para as razões do julgador. Com informações da Assessoria de Imprensa
do TSE.

Fonte: boletim@conjur.com.br 

Qualidade do ensino: Imagens do dia

Brasil - Congresso da UNE
Chile - Estudantes fazem protesto

Nani, via blog do Josias de Souza
Fonte: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FILHOS PRÓDIGOS

Do blog do Jornalista Augusto Nunes, uma sugestão para o governo: 

A trinca de jovens milionários deveria ser convocada pelo governo para montar o programa Primeira Empresa

Fábio Luís Lula da Silva era monitor do zoológico de São Paulo quando a chegada do pai à Presidência da República, em janeiro de 2003, animou-o a tentar a sorte como “produtor de conteúdos digitais”. Um ano depois de fundar a Gamecorp, soube que o que parecia um negócio de fundo de quintal era tudo o que a Telemar procurava. Pelo privilégio de tornar-se sócio minoritário do empreendimento, o gigante da telefonia pagou a Lulinha R$ 5 milhões. Aos 35 anos, está rico e é um dos orgulhos de Lula, que credita o sucesso fulminante ao talento empresarial do filho.

Israel Guerra era um medíocre funcionário público quando a crescente influência da mãe na Casa Civil, chefiada pela melhor amiga Dilma Rousseff, animou-o a tentar a sorte como “consultor de negócios”. Fundada em julho de 2009, a Capital Assessoria e Consultoria especializou-se em abrir portas de ministérios e estatais a empresas interessadas em fechar acordos ou resolver pendências com o governo. Os lucros subiram espetacularmente a partir de março de 2010, depois da promoção de Erenice a ministra. Vítimas da gula excessiva, a mãe perdeu o cargo e o filho, hoje com 33 anos, perdeu a clientela. Erenice continua jurando que o garoto fez sucesso, e logo voltará a fazer, por esbanjar talento na formação de parcerias.

Gustavo Morais Pereira era um arquiteto recém-formado quando a chegada do pai ao comando do Ministério dos Transportes o animou a tentar a sorte como “empresário no ramo da construção civil”. Em 2005, aos 21 anos, fundou a Forma Construções. Em 2007, graças a triangulações envolvendo fregueses do ministério a serviço da família, o filho de Alfredo Nascimento havia multiplicado por 86.500% o patrimônio da empresa. A descoberta da quadrilha do PR e a queda do pai sugerem que o arquiteto de 27 anos prosperou usando como gazua a carteira de identidade. Nascimento garante que o garoto nasceu para construir fortunas.

A reportagem publicada na seção O País quer Saber informa que o Ministério Público investiga os três exemplos de enriquecimento súbito. Se ficar provado que subiram na vida pendurados no parentesco, os filhos de Lula, Erenice e Nascimento confirmarão que a incapacidade de enxergar a fronteira entre o público e o privado é uma disfunção hereditária ─ e que a desmedida confiança na impunidade vem junto com o sobrenome. Se não têm culpa no cartório, se não derraparam no tráfico de influência, não podem ficar fora do governo. Casos de polícia aparecem de meia em meia hora. Casos de sucesso são bem menos frequentes. Casos como esses três são raríssimos.

O governo Lula criou o programa Primeiro Emprego. Dilma Rousseff deveria encomendar à trinca o programa Primeira Empresa. Em vez de um emprego com carteira assinada, os inscritos ganhariam uma pequena empresa. E aprenderiam com os jovens mestres como se fica milionário em dois ou três anos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O silêncio dos estudantes

Do Blog do Josias de Souza:
Stock Images
Começa nesta quarta (13), em Goiânia, o 52Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Será o maior evento já promovido pela entidade. A audiência é estimada em 10 mil universitários. Os custos foram orçados em R$ 4 milhões.

Um pedaço do borderô, informam os repórteres Isonilda Souza e Evandro Éboli, será provido por várias empresas estatais, entre elas a Petrobras.

“Tem estatais apoiando”, admitiu o presidente da UNE, Augusto Chagas.

Que logomarcas abriram os cofres? Quanto cada uma borrifará no encontro? O mandachuva da UNE se absteve de informar.

“Alguns desses apoios ainda estão se concretizando”, alegou Chagas. “Vamos publicizar essas informações quando estiver tudo fechado”, ele promoteu.

Afora as verbas públicas, a lista de convidados confere ao congresso da UNE um caráter “chapa branca”.

Nesta quinta (14), informa a entidade, darão as caras no encontro Lula e o ministro Fernando Haddad (Educação).

A dupla vai participar do pedaço do evento reservado à celebração do Prouni, o programa de bolsas universitárias criado sob Lula, cuja gestão a UNE apoiou com entusiasmo.

Além do patrocínio de estatais, o encontro vai dispor do apoio logístico do governo tucano de Goiás e da prefeitura petista de Goiânia.

O Estado cedeu ginásios e escolas para alojar os estudantes. O município, banheiros químicos e ambulâncias para eventuais emergências.

O Congresso vai durar cinco dias. Na abertura, uma homenagem aos 50 anos da “Cadeia da Legalidade”.

Trata-se do movimento inaugurado por Leonel Brizola, para assegurar a posse de João Goulart após a renúncia de Janio Quadros, em 1961.

Para receber as homenagens no lugar de Brizola, convidou-se o neto dele, o ex-deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ).

A programação, algo eclética, inclui de debates sobre agrotóxicos à defesa da destinação de 10% do PIB para a educação.

Abriu-se também na agenda espaço para manifestar o apoio da UNE à Comissão da Verdade e à apuração dos crimes da ditadura.

O tema é caro à presidente Dilma Rousseff, apoiada pela UNE na eleição presidencial do ano passado.

Espera-se que compareçam os ministros petistas José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário (Direitos Humanos). O pemedebê Nelson Jobim (Defesa) não foi convidado.

No domingo (17), último dia do Congresso, a UNE elegerá um novo presidente. Augusto Chagas não disputa a releição.

Escrito por Josias de Souza às 05h48

terça-feira, 12 de julho de 2011

Vinho aproxima brasileiros e argentinos

Do blog do jornalista Affonso Ritter:


Vinho é alimento saudável


Vitivinicultores brasileiros e argentinos que se reuniram nesta terça (12) em Bento Gonçalves, decidiram buscar recursos do BID e do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul) para fazer uma campanha no Brasil divulgando os benefícios do vinho como alimento para a saúde das pessoas. Na Argentina, lembrou o presidente da Corporacion Vitivinicola Argentina (Coviar), Lorenzo Capece, o governo federal acaba de reconhecer o vinho como bebida nacional, como alimento saudável e estratégico para os argentinos. "Tem que acontecer o mesmo no Brasil", salientou. A intenção da campanha, além de recomendar o consumo moderado da bebida, é esclarecer os consumidores e os canais de distribuição sobre as particularidades do vinho em geral. "O Estudo de Mercado realizado em 2008, unindo Ibravin e Coviar, mostrou que existe um alta grau de desconhecimento dos brasileiros em relação ao vinho", lembrou o argentino José Alberto Zuccardi. Um novo encontro será marcado para seguir na implementação deste Plano Estratégico Vitivinícola do Mercosul, atraindo o Uruguai para as discussões. A partir de agora, o contato será contínuo entre os vitivinicultores brasileiros e argentinos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

O que dizer?

Por que os brasileiros não reagem?

Juan Arias, O Globo
O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci - uma espécie de primeiro-ministro - e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que "todos são ladrões" e que "ninguém vai para a prisão", não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público?
É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo "descontrole" atual em áreas do seu governo e tirou literalmente - diz-se que a purga ainda não acabou - dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.
A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou - e o preço que terá que pagar será elevado - a se desfazer de uma certa "herança maldita" de hábitos de corrupção que vêm do passado.
E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?
O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.
Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros) e um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros).
O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.
Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos.
E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.
Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.
Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado - onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada - os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.
Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que - também é certo - é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.

Juan Arias é correspondente do El Pais no Brasil


Fonte: Blog do Noblat

domingo, 3 de julho de 2011

A soma e o resto - Homenagem

A proposta do meu blog é de utilizar o espaço virtual para compartilhar com as pessoas alguns temas da atualidade que impactam minha sensibilidade e que, muitas vezes, não têm a repercussão na blogsfera e na mídia tradicional. Temas que, a meu juízo, deveriam merecer maior reflexão e debate por parte dos ditos formadores de opinião.

Neste domingo, um artigo publicado na Zero Hora chamou a minha atenção - A soma e o resto, do sociólogo e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Não preciso repisar minha admiração pelas ideias, pela atuação e pelo governo que ele realizou em favor do Brasil. Aqueles que me conhecem sabem que, em todos os momentos, fui um defensor e propagador das suas políticas públicas na condução do país. Hoje, vejo, com muita alegria, quando Fernando Henrique Cardoso completa 80 anos, os meios intelectuais, econômicos, sociais e políticos de todos os matizes reconhecerem o seu legado de realizações em todos os campos em que atuou, especialmente na condição de presidente da República. Esperava que esse reconhecimento já ocorresse há mais tempo.

Segue, abaixo, um artigo que expressa a sensibilidade, a percepção do mundo mundo contemporâneo em que vivemos, além de sua disposição de contribuir para a harmonia e o bem-estar do povo brasileiro e universal.

Parabéns, estadista e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, pelos seus 80 anos de vida, trabalho, realizões e ensinamentos a todos nós!


A soma e o resto, por Fernando Henrique Cardoso*
Tomo de empréstimo o título de um livro de Henri Lefebvre, escritor francês que rompeu com o Partido Comunista em 1958 e publicou suas razões para tanto neste livro de 1959. Anos mais tarde, em 1967/68, fui colega de Lefebvre em Nanterre quando demos início, junto com Alain Touraine, Michel Crozier e com o então quase adolescente Manuel Castells a uma experiência de renovação da velha “Sorbonne”, na área das ciências humanas. Sempre gostei do título do livro de Lefebvre e agora, ao escrever estas linhas – sem qualquer pretensão a devaneios psicanalíticos –, me recordo também que Lefebvre tinha uma grande semelhança física com meu pai. Mas o fato é que há momentos para fazer um balanço. No caso, Lefebvre descontava o que o Partido Comunista lhe tirara ou ele do mesmo e via o que sobrava: a experiência dramática das revelações que Kruschev fizera dos horrores stalinistas, somadas à invasão da Hungria, provocaram uma remexida crítica na intelectualidade europeia, que não deixou de afetar a brasileira e a mim próprio.

Hoje, ao completar 80 anos, diante do fato inescapável de que o tempo vai passando e às vezes não deixa pedra sobre pedra, eu, que não sou dado a balanços de mim mesmo (e nem dos outros), senti certa comichão para ver o que resta a fazer e a soma das coisas que andei fazendo. Mas, não se assuste o leitor: o espaço de uma crônica não dá para arrolar o esforço de oito décadas para tentar construir algo na vida, quanto mais para alistar o muito de errado que fiz, que pode superar as pedras que eventualmente ficaram em pé. Além do mais, prefiro olhar para frente a mirar para trás. Quando algum repórter me pergunta o que acho que ficará de mim na História, costumo dizer, com o realismo de quem é familiarizado com ela, que daqui a cem anos provavelmente nada, talvez um traço dizendo que fui presidente do Brasil de 1995 a 2003. Quando insistem em que fiz isso ou aquilo, outra vez meu realismo – não pessimismo, nem hipocrisia de modéstia – pondera que, no transcorrer da história, quem sobra nela é visto e revisto pelos pósteros ora de modo positivo, ora negativo, dependendo da atmosfera reinante e da tendência de quem revê os acontecimentos passados. Portanto, melhor não nos deixarmos embalar pela ilusão de que há pedras que ficam e que serão sempre laudadas. Além do mais, dito com um pouco de ironia, se o julgamento que vale para os homens políticos e mesmo para os intelectuais é o da História, de que serve o que digam de nós depois de mortos?

Pois bem, se é assim, se o que vale é o agora, não tenho palavras para agradecer a tantos, e foram muitos, os que se referiram a mim com generosidade neste passado mês de junho. Mesmo sabendo, repito, da efemeridade dos juízos, é bom escutar pessoas próximas, não tão próximas e mesmo distanciadas por divergências, procurarem ver mais o lado bom, quando não apenas ele, e expressarem opiniões que me deixaram lisonjeado e, a despeito de meu realismo, quase embalado na ilusão de que fiz mais do que penso ter feito. Como não posso agradecer a cada um pessoalmente, nem desejo deixar de lado alguém nem os muitos que me disseram pessoalmente palavras de estímulo ou as registraram por cartas, e-mails ou na web, aproveito esta página de jornal para reiterar que não sei como exprimir o quanto a solidariedade dos contemporâneos me emocionou.

Não posso me queixar da vida. Vivi a maior parte do tempo dias alegres, mesmo que muitas vezes tensos. Assim como senti as perdas que fazem parte de sobreviver. Perdi muita gente próxima ou que admirava à distância nestes 80 anos. Pais, irmãos, mulher, amigos, amigas, companheiros de vida acadêmica e política. Ainda agora, para que nem tudo fosse rosas, perdi às vésperas de meu aniversário um companheiro de universidade com quem convivi cerca de 50 anos, Juarez Brandão Lopes. E no momento em que escrevo estas linhas veio a notícia da morte de Paulo Renato Souza, companheiro, colaborador, grande ministro da Educação, colega de exílio. As perdas, para quem está vivo, são relativas. Aprendi a conviver na memória com as pessoas queridas e mesmo com algumas mais distantes com as quais “converso” vez por outra no imaginário para reposicionar o que penso ou digo. Tomo em conta o que diriam os que não estão mais por aqui, mas deixaram marcas profundas em mim. Na soma, não cabe dúvida, mantive mais amigos que adversários. Não sinto rancor por ninguém, talvez até por uma característica psicológica, pois esqueço logo as coisas de que não gosto e procuro me lembrar das que gosto e pelas quais tenho apego.

Por fim, para não escrever uma página muito água com açúcar, se me conforta ter tantos amigos e receber deles tanto apoio e se prezo a amizade acima de quase tudo, devo confessar que apesar de meu pendor intelectual ser forte, no fundo, sou um homo politicus. Herdado de meus pais e de algumas gerações de ancestrais, vivo a vida na tecla do serviço ao público, da polis, e para mim o público hoje não é apenas o brasileiro, mas tem uma dimensão global. Pode parecer “coisa de velho”, mas o fato é que a esta altura da vida estou convencido, sem prejuízo das crenças partidárias e ideológicas, de que cada vez mais, como humanidade, como cidadão e como seres nacionais, simultaneamente, estamos nos aproximando de uma época na qual ou encontramos alguns pontos de convergência, uma estratégia comum para a sobrevivência da vida no planeta e para a melhoria da condição de vida dos mais pobres em cada país, ou haverá riscos efetivos de rupturas no equilíbrio ecológico e no tecido social.

Não é o caso de especificar as questões neste momento. Mas cabe deixar uma palavra de advertência e de otimismo: é difícil buscar caminhos que permitam, em alguns temas, uma marcha em comum, mas não é impossível. Tentemos. Vi tanta boa vontade ao redor de mim nestas últimas semanas que a melhor maneira de retribuir é dizendo: espero poder ajudar a todos e a cada um a sermos mais felizes e dispormos de melhores condições de vida. Guardarei as armas do interesse pessoal, partidário ou mesmo dos egoísmos nacionais sempre que vislumbrar uma estratégia de convergência que permita dias melhores no futuro. Com confiança e determinação, eles poderão vir.

*Ex-presidente da República