quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Educação profissional

"Feira de tecnologia termina com mais de 100 projetos inovadores


Os vencedores da 4ª Feira Estadual da Ciência e Tecnologia (FECITEP) foram apresentados no último sábado, 25, na Escola Estadual Técnica de Agricultura (ETA), em Viamão. A feira, organizada pela Secretaria da Educação, através da Superintendência da Educação Profissional (Suepro), apresentou na última semana, 102 projetos de pesquisa desenvolvidos por 250 estudantes de 57 escolas técnicas das redes públicas e particulares do Rio Grande do Sul.

O empenho de estudantes e professores no desenvolvimento dos projetos científicos foi destacado pelo secretário da educação, Ervino Deon. “Cada projeto apresentado nesta feira mostra o empenho, a criatividade e o desenvolvimento das habilidades e competências que são necessárias aos estudantes para se tornarem profissionais qualificados e preparados para o mercado de trabalho”, explicou.

Durante a solenidade de encerramento da 4ª FECITEP, também foi apresentada a data da quinta edição do evento, que ocorrerá em 2011 rofessor Neldo Eibel

1º lugar - "Gerador de força hidrocinética", da Escola Estadual de Ensino Médio Pedro Meinerz em Santa Rosa.  O projeto foi desenvolvido pelos estudantes: Dirlean Ribeiro dos Santos, Gilmar Kuyven, Sávio Francisco Steffan e foi orientado pelo Professor Neldo Eibel.

2º lugar – “Uso de tecnologias sustentáveis no tratamento de esgotos do alojamento da EETA”, da Escola Estadual Técnica de Agricultura - EETA, em Viamão. Desenvolvido pelos estudantes Ítalo Cesar Bittencourt de Campos, Paulo Sergio da Silva S. Junior e Rodrigo Nis Pinos e orientado pelo professor Jorge Costa

3º lugar – “Dispositivo PEAD de inibição de nidificação do Pássaro João de Barro em postes de rede elétrica”, da Escola SENAC, em Bagé. Desenvolvido pelos alunos Pablo Rodrigues Mello, Rafael Bolzan Mendes e Vinícius Creco Ferreira e orientado pelo professor Fernando Peres Gusmão

4º lugar – “Desenvolvimento de ambiente virtual tridimensional para instituição de ensino e integração do mesmo com o Google Hearth”, do Centro de Ensino Médio SETREM, em Três de Maio. Desenvolvido pela aluna Franciele Selzler e orientado pela professora Maidi Terezinha Dalri

5º lugar – “Fitness cerebral”, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus de Rio Grande, em Rio Grande. Desenvolvido pelas estudantes Bruna Piva da Silveira, Marcelle Andrade Burlamaqui e Yasmin dos Santos Cavalheiro e orientado pela professora Marieni Martins Ferreira


Vencedores por eixo

Ambiente, saúde e segurança – “Filhos do veneno II” o, da Escola Estadual Técnica Celeste Gobato, em Palmeira das Missões. Desenvolvido pelas alunas Karine de Mattos e Mariana Uczay e orientado pelo professor Alfredo Rodrigues de Ávila.

Apoio educacional – “Educar mais”, da I. E.E. Ponche Verde, em Piratini. Desenvolvido pelos alunos Eliel Peres Brum, Luana Madruga Riechel e Savana Rodrigues Ribeiro e orientado pela professora Mariza Madruga.

Controle e processos industriais – “Controle de eficiência no consumo em baixa tensão” do Colégio Ulbra Cristo Redentor, em Canoas. Desenvolvido pelos alunos Alexandre Moraes Silva, Cesar Augusto Bagatini Jorge e Luciano Bitencourt Figueiró e orientado pelo professor Cristian Daniel Teixeira.

Gestão e negócios – “Do arquivo físico ao digital: a importância da gestão arquivística de documentos nas organizações”, da Escola Estadual de Educação Profissional Estrela, em Estrela. Desenvolvido pelas alunas Fernanda de Moraes Rosenhaim, Angélica Fabiana Fell e Josiane Cristina da Silva e orientado pela professora Maria Lizete de Azevedo.

Hospitalidade e lazer – “A enogastronomia dos caminhos de pedra: no caminho da sustentabilidade”, da Escola de Educação Profissional SENAC- Bento Gonçalves. Desenvolvido pelos alunos Marcelo dos Santos Malheiros, Eni Furlanetto e Ivanete Giordani e orientado pela professora Janete Rotta Antunes.

Informação e comunicação – “Helper cube – tecnologia BI para auxiliar na tomada de decisões”, do Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann, em Horizontina. Desenvolvido pelos alunos Airton Luciano Zavareze e Fernando Daniel Belarmino e orientado pelo professor Paulo Marcelo Bechaire.

Infraestrutura – “Reuso das águas servidas e das chuvas em áreas condominiais”, do Colégio Ulbra Cristo Redentor, em Canoas. Desenvolvido pelos alunos Dryelli Hauanne Fernandes Santos, Jorge Luiz Ramos e Vinícios Ramos de Oliveira e orientado pelo professor Rafael Carvalho.

Produção Alimentícia – “Análise da metodologia de maior detecção de microorganismos nas mãos dos manipuladores na indústria de alimentos”, do Colégio Martin Luther, em Estrela. Desenvolvido pelo aluno Rafael Ulisses Strate e orientado pela professora Claudia Oliveira da Silveira.

Produção cultural e design – “Spine shair – estudo de uma cadeira baseado na coluna vertebal”, do Centro de Ensino Médio SETREM, Três de Maio. Desenvolvido pelos alunos Andréia Cristina Pavlak e Roberto Luis Rieck e orientado pela professora Maria Judite Zancheti Marasca.

Recursos Naturais – “Projetão: diagnóstico, planejamento e análise da viabilidade técnica, econômica, social e ambiental de uma propriedade rural”, do Centro de Ensino Médio SETREM, Três de Maio. Desenvolvido pelos alunos André Luiz Goral e Tatiane Rogeli Behrenz  e orientado pelo professor Claudinei Márcio Schmidt.



Vencedores por destaque

Criatividade – “Jambolão: um hipoglicemiante natural ou apenas um mito?”, da E. Estadual Técnica São João Batista, em Montenegro. Desenvolvido pelas alunas Ana Claudia Machado Schumacher e Bruna Santarém e orientado pelo professor Fabio Juliano Motta de Souza.

Inovação – “Coletor ambiental”, Centro Tecnológico de Mecânica de Precisão - CETEMP, em São Leopoldo. Desenvolvido pelos alunos Marcos Poletto Godoy, Paulo Henrique da Silveira e Rogério da Silva Basso e orientado pelo professor Marcelo Luiz de Quadros.

Relevância social – “Bebedouro inovador para PCD”, da E.E.P.SENAI, em Porto Alegre. Desenvolvido pelos alunos Daniel Garcia Antunes e Jonathan Willian Lopes Rodrigues e orientado pelo professor Flávio Rocha de Ávila.

Contribuição a ciência – “Ensaio de desempenho de cultivares de milho na Escola Guaramano”, da E.E. Técnica Guaramano, em Guarani das Missões. Desenvolvido pelo aluno Yuri Flávio Wildner e orientado pelo professor João Feliciano Soares Rigon.

Contribuição ao meio ambiente – “Potencializador de glifosato e fertilizante natural”, da E.E. Técnica Guaramano, em Guarani das Missões. Desenvolvido pelos alunos Dionatan Bonfanti, Lucas Ferst e Felipe Gonçalves Brouwers e orientado pelo professor Marcelino Jaroczewski."

Publicado no site: www.seduc.rs.gov.br

domingo, 26 de setembro de 2010

Heranças & Herdeiros: Comentário inteligente

Não posso deixar de destacar o comentário, abaixo, do meu prezado amigo, Professor João Paulo, já colaborador deste modesto blog. Trata-se de percepção de um Educador Emérito, que ensina alunos na etapa mais importante do aprendizado, ensino fundamental, quando o educador não pode falhar no uso dos métodos pedagógicos indispensáveis ao desenvolvimento das competências cognitivas e dos valores fundamentais à formação do caráter e personalidade da criança.

Em seu comentário, faz um paralelo entre a acumulação de saberes dos alunos ao longo dos ciclos letivos, com a evolução das políticas públicas de estado que tem continuidade nas sucessões de governos. Pedagógica e lúcida comparação. Obrigado, Professor!

"Prezado engenheiro Vulmar Leite!

Esta entrevista deixou-me propenso a fazer uma analogia, com o viés educacional:

- Vamos supor que um regente se depara no início de um ano letivo com uma turma, onde a maioria dos regidos apresenta acentuadas dificuldades de aprendizagens... Com muita pertinácia, atendimento personalizado e valorização dos avanços dos pequeninos, ao término do ano letivo a turma apresenta avanços significativos nos domínios das competências leitora e escritora. No ano letivo seguinte esta mesma turma fica sob a regência de um outro regente, que dá continuidade a metodologia do regente anterior! É evidente que os avanços são notórios! De quem é o mérito pedagógico do regente atual ou do anterior?

Calorosas saudações democráticas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP "

sábado, 25 de setembro de 2010

Heranças & Herdeiros

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante almoço com o correspondente Jonathan Wheatley, critica a oposição por "mistificar" o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e admite que a candidata oficial, Dilma Rousseff, é a provável vencedora das eleições presidenciais do dia 3 de outubro.
Em artigo de página inteira, publicado na edição deste sábado do diário financeiro londrino, FHC diz, entretanto, que "Lula não é nenhum revolucionário".
"É um Lech Walesa que deu certo", afirma, referindo-se ao sindicalista que presidiu a Polônia comunista durante a transição para o capitalismo, terminando seu governo com popularidade em baixa. "Eu fiz as reformas. Ele surfa na onda", disse FHC.
O artigo é parte da seção "Um almoço com o FT". O correspondente narra o encontro que teve com FHC a três semanas das eleições no restaurante Carlota, em Higienópolis, bairro onde vive o sociólogo.
Para o jornal, "embora tanto o mundo quanto o Brasil tenham se apaixonado por seu sucessor, o presidente Lula, Cardoso é o homem amplamente creditado, pelo menos no exterior, com o estabelecimento dos fundamentos do boom" que marcou os últimos anos da economia brasileira.
FHC, ministro da Fazenda durante o Plano Real, que pôs fim a décadas de hiperinflação no Brasil, em meados dos anos 1990, é descrito pelo Financial Times como o responsável por colocar o "B" na sigla Bric – cunhada pelo Banco Goldman Sachs em 2001 e hoje uma espécie de marca para se referir às principais potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China).
Ao jornal britânico, FHC disse que conseguiu "fazer o Brasil avançar" durante sua gestão; já o governo Lula, opina, "anestesiou" o Brasil. O ex-presidente diz que durante sua gestão havia muita discussão sobre como levar as reformas adiante e reduzir o custo Brasil. "Depois elas (as discussões) pararam", afirmou.
Quando a entrevista se encaminha para as eleições de outubro, relata o FT, o ex-presidente revela "frustração" em seu tom de voz.
"A oposição errou", diz. "Permitimos a mistificação de Lula. Mas Lula não é nenhum revolucionário. Ele saiu da classe trabalhadora e se comporta como se fosse parte da velha elite conservadora."
"Eu sugiro que nós já sabemos quem vai ganhar as eleições", escreve o repórter do jornal. "'Sim', admite FHC - Dilma Rousseff, a candidata do Partido Trabalhista de Lula."
Questionado sobre como crê que Lula será lembrado pela história, FHC responde: "Acho que será lembrado pelo crescimento e pela continuidade, e por colocar mais ênfase no gasto social".
Em uma nota ilustrativa na mesma página, como parte da mesma reportagem, o criador da sigla Bric, o economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O'Neill, se questiona se Lula poderia ser "um descendente de Cardoso em uma fantasia engenhosa".
Ele argumenta que um dos méritos de Lula foi manter as políticas econômicas da era FHC, em especial as metas de inflação e o regime de flutuação do real.
"Lula quer ser visto como o líder mais bem sucedido do G20 na última década. Mas às vezes paro e me pergunto se ele não seria um descendente direto de Cardoso em uma fantasia engenhosa. Pois foi muito do que ele herdou de Cardoso que deu a Lula a plataforma de tal sucesso", escreve O'Neill.
Para o economista, a inteligência de Lula foi "manter muito do que herdou". "Outro fator de sucesso de Lula tem sido sua sintonia com as massas, o que lhe permitiu traduzir os benefícios da estabilidade para muitos", finalizou O’Neill.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Democracia: Valor inegociável

O Estado de São Paulo, na edição de hoje, 23, pública o seguinte editorial: 
O desmanche da democracia

"A escalada de ataques furiosos do presidente Lula contra a imprensa - três em cinco dias - é mais do que uma tentativa de desqualificar a sequência de revelações das maracutaias da família e respectivas corriolas da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. É claro que o que move o inventor da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, é o medo de que a sequência de denúncias - todas elas com foros de verdade, tanto que já provocaram quatro demissões na Pasta, entre elas a da própria Erenice - impeça, na 25.ª hora, a eleição de Dilma no primeiro turno. Isso contará como uma derrota para o seu mentor e poderá redefinir os termos da disputa entre a petista e o tucano José Serra.
Mas as investidas de Lula não são um raio em céu azul. Desde o escândalo do mensalão, em 2005, ele invariavelmente acusa a imprensa de difundir calúnias e infâmias contra ele e a patota toda vez que estampa evidências contundentes de corrupção e baixarias eleitorais no seu governo. A diferença é que, agora, o destampatório representa mais uma etapa da marcha para a desfiguração da instituição sob a sua guarda, com a consequente erosão das bases da ordem democrática. A apropriação deslavada dos recursos de poder do Executivo federal para fins eleitorais, a imersão total de Lula na campanha de sua afilhada e a demonização feroz dos críticos e adversários chegaram a níveis alarmantes.
A candidatura oposicionista relutou em arrostar o presidente em pessoa por seus desmandos, na crença de que isso representaria um suicídio eleitoral - como se, ao poupá-lo, o confronto com Dilma se tornaria menos íngreme. Isso, adensando a atmosfera de impunidade política ao seu redor, apenas animou Lula a fazer mais do mesmo, dando o exemplo para os seguidores. As invectivas contra a imprensa, por exemplo, foram a senha para o PT e os seus confederados, como a CUT, a UNE e o MST, promoverem hoje em São Paulo um "ato contra o golpismo midiático". É como classificam, cinicamente, a divulgação dos casos de negociatas, cobrança e recebimento de propinas no núcleo central do governo.
Sobre isso, nenhuma palavra - a não ser o termo "inventar", usado por Lula no seu mais recente bote contra a liberdade de imprensa que, com o habitual cinismo, ele diz considerar "sagrada". O lulismo promove a execração da mídia porque ela se recusa a tornar-se afônica e, nessa medida, talvez faça diferença nas urnas de 3 de outubro, dada a gravidade dos escândalos expostos. Sintoma da hegemonia do peleguismo nas relações entre o poder e as entidades de representação classista, o lugar escolhido para o esperado pogrom verbal da imprensa foi o Sindicato dos Jornalistas. O seu presidente, José Camargo, se faz de inocente ao dizer que apenas cedeu espaço "para um debate sobre a cobertura dos grandes veículos".
Mas a tal ponto avançou o rolo compressor do liberticídio que diversos setores da sociedade resolveram se unir para dizer "alto lá". Intelectuais, juristas, profissionais liberais, artistas, empresários e líderes comunitários - todos eles figuras de projeção - lançaram ontem em São Paulo um "manifesto em defesa da democracia", que poderá ser o embrião de um movimento da cidadania contra o desmanche da democracia brasileira comandado por um presidente da República que acha que é tudo - até a opinião pública - e que tudo pode.
Um movimento dessa natureza não será correia de transmissão de um partido nem estará atado ao ciclo eleitoral. Trata-se de reconstruir os limites do poder presidencial, escandalosamente transgredidos nos últimos anos, e os controles sobre as ações dos agentes públicos. "É intolerável", afirma o manifesto, "assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais." "É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade." O texto evoca valores políticos que, do alto de sua popularidade, Lula lança ao lixo, como se, dispensado de responder por seus atos, governasse num vácuo ético. "

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Em nome da liberdade e da democracia



Nunca imaginei que no governo comandado por Lula, ex-líder sindical que se destacou no combate ao regime militar, supressor das liberdades democráticas, aconteceria no Brasil a publicação do manifesto abaixo.

Firmado por Dom Paulo Evaristo Arns, Ferreira Gullar, Carlos Velloso, Carlos Vereza, Mauro Mendonça, Carlos Arthur Gianotti, Hélio Bicudo, entre outros, personalidades de inequívoca história de lutas pela restauração do estado de direito no Brasil. O manifesto foi divulgado em diversos órgãos de comunicação do país.

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

"Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, 
no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. 

É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos."



Para assinar o Manifesto em Defesa da Democracia, acesse:

Hospital de Santiago recebe recursos

Governo do Estado repassa R$ 300 mil 
para hospitais gaúchos

 A governadora do Estado Yeda Crusius autorizou, nesta terça-feira (21), a realização de convênios entre a Secretaria Estadual da Saúde e instituições hospitalares gaúchas, visando o repasse de R$ 300 mil para aquisição de equipamentos. A ação integra o Apoio aos Hospitais, do Programa Estruturante Saúde Perto de Você, e permitirá aos hospitais garantir a execução de serviços aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A cerimônia de assinatura dos convênios foi realizada na Casa Civil, do Palácio Piratini.

O Hospital Universitário São Francisco de Paula, em Pelotas, na Metade Sul, receberá R$ 100 mil para aquisição de equipamentos. O Hospital Caridade de Canguçu, também na região Sul, receberá R$ 50 mil para compra de equipamentos e material permanente. O Hospital Caridade São Roque, em Dois Lajeados, no Vale do Taquari, utilizará os R$ 50 mil repassados pelo Estado para a aquisição de um equipamento de RX.
O Hospital Santa Terezinha, em Fontoura Xavier, no Alto da Serra do Botucaraí, investirá os R$ 50 mil repassados pelo Governo do Estado para aquisição de equipamentos para enfermaria e lavanderia. O Hospital de Caridade de Santiago, no Vale do Jaguari, utilizará os R$ 50 mil para compra de equipamentos para a UTI da Instituição.
Para o diretor do Hospital Caridade de Santiago, Irmo Elziário Sagrillo, os recursos ajudam muito a manter a instituição funcionando e atendendo bem a comunidade do município e da região, composta por 10 cidades. “O hospital estava falido quando o assumimos e hoje está recuperado, muito em função do apoio e da ajuda que recebemos do Governo do Estado. Graças aos convênios conseguimos comprar equipamentos de ecografia, hemodiálise e de UTI, entre outros”, resume Sacrello.
A secretária da Saúde, Arita Bergmann, afirmou que esses recursos são de extrema importância por garantir saúde à população. “Mais uma vez, o Estado paga em dia os compromissos contratualizados com os gestores de saúde, viabilizando a Saúde cada vez mais perto da população”, ressaltou. Ela destaca que a medida contribui para a busca da integralidade na atenção básica e o acesso às ações e serviços de saúde, na perspectiva da organização de rede hospitalar regionalizada, com ênfase nas faixas mais vulneráveis, como a infância e a terceira idade, disse.
Arita Bergmann lembra que o Governo do Estado já repassou mais de R$ 10 milhões, somente em 2010, para a Saúde Mental, com a criação de 617 leitos para dependentes químicos, principalmente no combate ao crack. Já, desde 2007, foram repassados R$ 855 milhões para instituições de Saúde.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini

domingo, 19 de setembro de 2010

Punição exemplar!?

Segundo o Estadão, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República, em reunião extraordinária, decidiu aplicar censura ética imediata à ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra pelo fato de não ter apresentado à Comissão a Declaração Confidencial de Informações (DCI). Tem dez dias de prazo para sua defesa. Sanção, se mantida, vale por três anos e é um fator negativo a ser considerado na hora de avaliação de currículo na carreira do serviço público.


Não sei se esse foi o principal motivo para sua demissão, provavelmente a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, que irão realizar investigações a partir das denúncias da Revista Veja, apontem sua inocência ou responsabilidade pelo funcionamento de propinoduto naquela Casa.


Após três anos estará reabilitada para voltar ao governo, não sei se com a assessoria dos seus familiares, filho, irmãos, marido e cunhada, amigos do filho, além de poder continuar não respeitando, também, as normas que regulam o nepotismo. O tempo nos dirá!

sábado, 18 de setembro de 2010

Urnas eletrônicas: Contestações da OAB

OAB nacional se recusa a homologar urnas eletrônicas

Tradicionalmente a Ordem dos Advogados do Brasil, assim como a ABI, assumem posições corajosas em defesa de ideais e princípios sociais. Como membro do Comitê Multidisciplinar Independente (CMind) e moderador do Fórum do Voto Seguro, venho manifestar minhas congratulações ao Conselho Federal da OAB e à sua Comissão de Informática pela recente decisão de não legitimar os programas de computador do sistema eleitoral desenvolvido pelo TSE.

Como poucos vão entender a importância e a coragem dessa nova postura da OAB, cabe aqui apresentar um breve histórico.

Em 2002, foi aprovada a Lei 10.408/2002, que previa a adoção do Princípio da Independência do Software em Sistemas Eleitorais a partir de 2004. Esse princípio determina que auditoria do resultado eleitoral possa ser feita de uma forma que não dependa de confiar no software instalado nas máquinas de votar.

Em 2003, a autoridade eleitoral absoluta brasileira, comumente chamada de Justiça Eleitoral, laborou para derrubar essa lei antes mesmo que vigorasse, e conseguiu aprovar a Lei 10.740/2003, que restabelecia a situação anterior, em que a auditoria do resultado eleitoral era substituída por um método totalmente dependente da confiabilidade do software. E, para tentar estabelecer a confiabilidade do software eleitoral, essa lei de 2003 concedeu aos partidos políticos, ao Ministério Público e à OAB a função de validar e assinar digitalmente os programas desenvolvidos pelo TSE.

Em 2004, a atuação destas entidades foi a seguinte:

1) o PT, PDT e OAB enviaram representantes para avaliar o software, e chegaram a desenvolver programa próprio de assinatura digital;

2) o MP assumiu uma posição estritamente formal. Não fez nenhuma avaliação do software eleitoral, mas decidiu assiná-los mesmo assim, usando um programa derivado do programa do PDT.

Esta experiência revelou enormes custos e dificuldades que, na prática, tornavam impossível a validação do software por essas entidades.

Assim, a partir de 2006, o PDT continuou enviando representante para analisar os programas, mas deixou de assinar digitalmente porque não podia assegurar a confiabilidade do sistema analisado.

A OAB assumiu a mesma postura formal do MP em 2006 e 2008, isto é, não fazia nenhuma avaliação técnica do software eleitoral, mas emprestava seu prestígio à autoridade eleitoral ao participar da cerimônia oficial final de assinatura dos arquivos.

Em abril de 2010, o CMind entregou o seu relatório ao presidente da OAB, Ophir Calvacante Júnior, em que denunciava os riscos à sociedade nessa postura de legitimar o software eleitoral sem de fato, tê-lo avaliado. Ophir Cavalcante disse então que pediria parecer à comissão de Direito Eleitoral e Informática da entidade, e tornou sua posição pública:

“Se o parecer disser que a Ordem não deve legitimar, não vamos legitimar [o atual modelo de votação eletrônica]”, ressaltou, antes de reconhecer que “hoje, a OAB faz de conta [que fiscaliza as eleições]”.

O texto completo sobre o assunto, você pode acessar no link abaixo:

http://www.conjur.com.br/2010-set-17/oab-nacional-recusa-homologar-software-usado-urnas-eletronicas

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os desvios éticos na República

A medida que avança o processo eleitoral, os institutos de pesquisa se esforçam para substituir os eleitores na escolha dos candidatos presidenciais e governadores dos estados. Penso que a Justiça Eleitoral poderia economizar muito dinheiro, trocando as milhares de urnas eletrônicas pela contratação de meia dúzia de institutos de pesquisa. Acho que haveria uma enorme economia de recursos financeiros, que são dispendidos com a coleta de votos de mais de 130 milhões de brasileiros, caso o TSE optasse por pesquisas que normalmente são feitas entre dois e 10.000 eleitores.

Até porque os eleitores não estão muito interessados em avaliar com profundidade a realidade econômica e social do país, conhecer a história pessoal dos candidatos e do próprio comportamento ético dos seus mentores, quando no exercício das funções de governo.

Confesso o meu desencanto com os rumos da política nacional, principalmente quando percebo que parcelas expressivas de brasileiros abdicam da sua cidadania.

Abaixo, transcrevo artigo publicado no Blog do Noblat, de autoria da jornalista Dora Kramer, que relata com indisfarçável indignação os desvios éticos na República:

À deriva

Dora Kramer, O Estado de S.Paulo

É o que dá o Congresso despir-se de suas prerrogativas, a oposição não funcionar, a sociedade se alienar, a universidade se calar, a cultura se acovardar, o Ministério Público se intimidar e a Justiça demorar a decidir: perde-se a referência do que seja certo ou errado.

Chega-se ao ponto de uma testemunha dizer com todos os efes e erres que uma quadrilha de traficantes de influência funciona a partir da Casa Civil da Presidência da República e que a segunda pessoa na hierarquia, substituta da ministra hoje candidata a presidente do Brasil, intermediava contatos mediante o pagamento de R$ 40 mil mensais.

Foi essa quantia que o consultor Rubnei Quícoli disse ao jornal Folha de S. Paulo que o filho e o afilhado da ministra cobraram dele para "apressar" a liberação de recursos do BNDES.

Antes disso, a revista Veja já apresentara outro caso - menos contundente até - de venda de influência na Casa Civil, com a mesma família da mesma Erenice Guerra, até ontem ministra e, na época da transação denunciada agora, secretária executiva e braço direito de Dilma Rousseff.

Se Dilma não sabia quem era Erenice, trabalhando com ela desde o Ministério de Minas e Energia, e se Erenice não sabia o que faziam seus parentes é ainda pior. Duas ineptas a quem se pode enganar facilmente, sendo que uma delas se dispõe a dirigir a República, a fazer escolhas estratégicas e a se responsabilizar por milhares de contratações.

Quando se trata de escândalos é arriscado falar em superlativos. Sempre pode haver um maior e um mais grave no dia seguinte. Mas o governo habitualmente dá um jeito de encerrar o assunto, jogar a sujeira para debaixo do tapete de maneira a tornar tudo banal e absolutamente sem importância diante dos benefícios que recebem os mais pobres, o crédito dos remediados e as benesses dos mais ricos.

Será udenismo, farisaísmo, tucanismo, direitismo ou golpismo considerar grave a Casa Civil - o gabinete mais importante da República depois do presidencial - ser o centro de três escândalos, um pior que o outro, no período de seis anos?

No primeiro, em 2004, descobriu-se que o braço direito do ministro era dado à prática da extorsão; foi filmado pedindo propina a um bicheiro. Waldomiro Diniz foi demitido "a pedido" e nada mais aconteceu.

No segundo, em 2007, descobriu-se que fora produzido na Casa Civil um dossiê com os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso para chantagear a oposição na investigação sobre gastos da atual Presidência. Um funcionário de baixo escalão foi devolvido ao "órgão de origem".

Na época, a desfaçatez chegou ao ponto de a então ministra Dilma Rousseff dizer que telefonara para se desculpar com a ex-primeira-dama e que fora uma boa conversa. Ruth, falecida pouco depois, não desmentiu Dilma em público, mas nem houve pedido de desculpas nem a conversa foi cordial.

No terceiro, em 2010, é o que se vê e ouve. Erenice Guerra, era mais do que evidente, precisava sair para preservar a candidatura de Dilma e acalmar a grita. Não fosse a proximidade da eleição, a amiga Erenice continuaria sendo defendida como foi até horas antes de aparecer uma testemunha da tentativa de extorsão e enterrar os argumentos sobre golpes, factoides e armações.

Mesmo que seja verdadeira a inverossímil versão de que ela redigiu uma nota de resposta sem consultar nenhum capa preta do palácio, Erenice apenas seguiu o exemplo que vem de cima e carregou nas tintas eleitorais como tem mandado o figurino.

O governo fez uma conta de custo benefício e, pelo jeito, achou que sairia mais barato afastá-la. De fato, por pior que seja a repercussão e por mais que a demissão evidencie o fundamento das denúncias, a manutenção da acusada no cargo seria injustificável. Haveria três problemas: rebater as acusações, defender a ministra e explicar o que ela ainda estava fazendo na chefia da Casa Civil.

A respeito do impacto eleitoral, assim como no caso das quebras de sigilo na Receita Federal, este é o aspecto menos relevante, embora seja de espantar a indiferença geral. É que a eleição passa, o Brasil continua e toda conta um dia é cobrada.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Editorial do Estadão


"Não é por acaso que o Gabinete Civil da Presidência da República tem estado envolvido em quase todos os grandes escândalos do governo Lula. A começar pelo mensalão, operado por José Dirceu, até a recentíssima denúncia de descarado tráfico de influência por parte da ministra Erenice Guerra e seus familiares, boa parte de todo o malfeito, do ilegal, da pura e simples corrupção que eclode no governo federal tem o dedo do Palácio do Planalto. O dedo de Luiz Inácio Lula da Silva, o grande responsável pelo desenvolvimento econômico dos últimos oito anos; pela incorporação de milhões de cidadãos antes marginalizados ao mercado de consumo; pela ascensão do País à condição de, vá lá, player importante na diplomacia mundial. Se tudo de bom que se faz no governo é de responsabilidade do "cara", por que apenas o que de errado se faz no governo não tem dono?

Por muito menos do que se tem revelado ultimamente de lambanças com as instituições do Estado e com o dinheiro público um presidente da República foi forçado a renunciar há menos de 20 anos.

Mas com Lula é diferente. Embriagado por índices de popularidade sem precedentes na história republicana, inebriado pela vassalagem despudorada que lhe prestam áulicos, aderentes e aduladores das mais insuspeitadas origens e dos mais suspeitosos interesses, Sua Excelência se imagina pairando acima do bem e do mal, sem a menor preocupação de manter um mínimo de coerência com sua própria história política e um mínimo de respeito pelo decoro exigido pelo cargo para o qual foi eleito.

Sempre que os desmandos flagrados pela Imprensa ameaçam colocar em risco seus interesses políticos e eleitorais, Lula recorre sem a menor cerimônia à mesma "explicação" esfarrapada: culpa da oposição - na qual inclui a própria Imprensa. A propósito das violações de sigilo comprovadamente cometidas recentemente pela Receita Federal - não importa contra quem - não passou pela cabeça de Sua Excelência, nem que fosse apenas para tranquilizar os contribuintes, a ideia de admitir a gravidade do ocorrido e se comprometer com a correção desses desvios. Preferiu a habitual encenação palanqueira: "Nosso adversário, candidato da turma do contra, que torce o nariz contra tudo o que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos, resolveu partir para ataques pessoais e para a baixaria." Não há maior baixaria do que um chefe de Estado usar o horário eleitoral de seu partido político para atacar, em termos pouco republicanos, aqueles que lhe fazem oposição. E faltou alguém lembrar ao indignado defensor dos indefesos que entre "tudo que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos" estão a Constituição de 1988, o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, entre outras iniciativas fundamentais para a promoção social e o desenvolvimento econômico do País, contra as quais os então oposicionistas Lula e PT fizeram campanha e também votaram no Congresso.

Enquanto os aliados de Lula e de Sarney - a quadrilha que dilapidou o patrimônio público do Amapá - vão para a cadeia por conta das evidências contra eles levantadas pela Polícia Federal; enquanto os aliados de Lula - toda a cúpula executiva e legislativa, prefeito e vereadores, do município sul-mato-grossense de Dourados - pelo mesmo motivo vão para o mesmo lugar; enquanto na Receita Federal - não importa se por motivos políticos ou apenas (!) por corrupção - se viola o sigilo fiscal de cidadãos e as autoridades responsáveis tentam jogar a sujeira para debaixo do tapete; enquanto mais uma maracutaia petista é flagrada no Gabinete Civil da Presidência; enquanto, enfim, a mamata se generaliza e o presidente da República continua fingindo não ter nada a ver com a banda podre de seu governo, a população brasileira, pelo menos quase 80% dela, aplaude e reverencia a imagem que comprou do primeiro mandatário, o "cara" responsável, em última instância, pela republiquetização do País.

Está errado o povo? A resposta a essa pergunta será dada em algum momento, no futuro. De pronto, a explicação que ocorre é a de que, talvez, o povo de Lula seja constituído de consumidores, não de cidadãos. "

domingo, 12 de setembro de 2010

Pesquisas eleitorais

Notícia divulgada no Blog do Políbio Braga, neste domingo (abaixo), mostra denúncia de tentativa de fraude nas pesquisas eleitorais no Amapá. Não bastam as prisões do governador e do candidato ao Senado. A corrupção pode não ter chegado, ainda, ao fundo do poço naquele estado!
Senador denuncia Ibope e mostra gravação com pedido de propina para fraudar pesquisa.

O Ibope rebateu neste domingo as denúncias do senador Papaléo Paes, PTB do Amapá, segundo as quais o representante do instituto no Estado exigiu R$ 1 milhão para fraudar resultados. A denúncia foi replicada neste domingo pelo jornalista Claudio Humberto, conforme sua coluna diária do jornal O Sul, de Porto Alegre. Outro senador que falou sobre o assunto foi Morazildo Cavalcante, do PTB de Roraima, que alertou:

- Tenho tudo gravado. Desconfio do Ibope. A fraude proposta no Amapá pode se reproduzir em todo o País.

. No RS, as pesquisas do Ibope têm produzido assombro.

. O senador Papaleo Paes mostrou a gravação para Carlos Montenegro, dono do Ibope, que negou tudo e disse que o Ibope não negocia nada no Amapá. Papaleo Paes não meteu o Botafogo no meio. Como se sabe, Montenegro é dirigente do clube carioca.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Polícia Federal investiga suposta compra de vaga de paranínfo

A Polícia federal investiga possível compra de votos, através da oferta de ajuda financeira para a formatura de curso de Direito, mas com uma condição: O "mecenas" deveria ser convidado para paraninfar a turma. Não é preciso dizer que o suspeito é candidato a deputado federal. Veja, abaixo, na íntegra, a notícia veiculada no sítio Folha.com.

Sílvia Freire

São Paulo

Polícia Federal de Alagoas investiga um caso inusitado de suspeita de compra de votos. Um estudante de um curso de direito disse que um cabo eleitoral ofereceu à comissão de formatura R$ 3.000 para ajudar a pagar a festa.

Em troca, a turma convidaria um deputado federal que disputa a reeleição para ser o paraninfo --com direito a discurso, fotos, sorrisos e apertos de mão.

O curso é de uma faculdade particular de Maceió, que não teve o nome divulgado.

Ontem, o estudante e alguns colegas relataram o caso à Polícia Federal, que abriu um procedimento para investigar a proposta. O suposto cabo eleitoral já foi ouvido por um delegado da PF e negou a oferta.

Os estudantes disseram que o cabo eleitoral fez a oferta em nome do deputado federal Carlos Alberto Canuto (PSC-AL), que disputa a reeleição. Segundo a PF, ele possivelmente deverá ser ouvido.

O deputado, por meio de sua assessoria de imprensa, negou que estivesse por trás da proposta e disse que desconfia que adversário estejam usando seu nome indevidamente para prejudicar sua campanha.

Valores da democracia em jogo

Quando os papéis de militante partidário e agente público se confundem no mais alto cargo da nação, o que fazer?
Roldão Arruda - O Estado de S.Paulo

O cientista político José Álvaro Moisés afirma que a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso das violações de sigilos fiscais é preocupante para a democracia no Brasil - porque estaria sinalizando que a vontade dos detentores do poder fica acima do primado da lei. Para o especialista, professor da Universidade de São Paulo e diretor científico do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas daquela instituição, Lula confunde o papel de primeiro mandatário brasileiro com o de militante petista, responsável pela indicação de Dilma Rousseff como candidata à sua sucessão. Essa confusão de papéis pode dificultar as investigações sobre o episódio.

Como o senhor viu a presença do presidente Lula no horário de propaganda eleitoral gratuita, assumindo o papel de escudo da candidata Dilma Rousseff frente às suspeitas de envolvimento do PT no caso de quebra de dados fiscais de pessoas ligadas ao PSDB? Isso não pode causar a impressão de que o primeiro mandatário do País tomou partido frente a uma questão que vai além do debate eleitoral?

Sim. O presidente não tem tido cuidado, no processo eleitoral, de fazer distinção entre os papéis de presidente da República e de militante do PT responsável pela indicação de Dilma Rousseff como candidata à sua sucessão. Ele tem direito, como cidadão, de participar da campanha, desde que separe os papéis. Deveríamos lembrar o que ocorreu em 2002, durante a campanha que resultou na primeira eleição de Lula. O presidente Fernando Cardoso, apesar de apoiar o então candidato José Serra, teve cuidado para separar completamente as coisas, não misturar as funções. O presidente Lula não está tendo esse cuidado agora, assim como não teve em outros momentos de seu mandato.

Quais momentos?

Podemos citar as vezes nas quais desqualificou procedimentos do governo denunciados pelo Tribunal de Contas da União. Mais recentemente, ao ser multado pelo Tribunal Eleitoral, por fazer confusão entre sua função presidencial e a de dirigente do PT, ele praticamente menosprezou as decisões. Essas não são boas indicações. Elas sinalizam que, uma vez no cargo de primeiro mandatário, você pode misturar e confundir as coisas, pode ficar acima do que a lei estabelece.

O senhor não estaria sendo exagerado nas suas preocupações? Afinal, acaba de citar dois tribunais que estão funcionando e exercendo suas funções, numa comprovação de que a democracia anda normalmente.

Não há exagero. É extremamente importante discutir essas questões porque, embora estejamos numa democracia, o império da lei ainda não está inteiramente estabelecido no Brasil. Essas sinalizações dadas pelo presidente mostram que ele não leva em conta a ideia de que a democracia é o governo da lei e não o governo dos homens. Esse é um momento muito importante, porque envolve uma coisa crucial para a democracia, que é a violação do direito individual. Não estamos falando apenas dos dados da filha do Serra e do vice-presidente do PSDB, mas sim de milhares de pessoas. Fiquei indignado quando abri o jornal e li as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, autojustificando, em certo sentido, as violações, porque já teriam ocorrido outras vezes.

O que se deveria esperar de alguém no cargo dele?

Eu esperaria que o ministro e o presidente da República viessem a público para dizer que medidas estariam sendo tomadas em face dos crimes de violações que afetam direitos individuais garantidos na Constituição - a questão do direito individual é uma cláusula pétrea da Constituição do Brasil. Mas ninguém disse uma palavra sobre isso. Pelo contrário, houve um esforço para blindar a candidata e dizer que, uma vez que já ocorreu em outras ocasiões, é normal que continue ocorrendo. Eu digo: não é normal. Especialmente no governo de um partido que pretendia reorganizar a política no Brasil, com uma resposta republicana. Penso que nesse caso o presidente Lula passou dos limites.

Se o presidente misturou de fato os papéis, isso poderia de alguma maneira atrapalhar as investigações sobre o caso? Os funcionários encarregados desse trabalho poderiam ver na mensagem do primeiro mandatário um sinal de que não é lá tão importante assim aprofundar a investigação?

Eu me preocupo com isso. No Brasil, a função de presidente, pelo prestígio, pelos recursos que tem e até mesmo pelo ritual do exercício do cargo, tem uma influência muito forte na sociedade. Aqui se valoriza muito a pessoa do primeiro mandatário, com uma certa ideia de que ele pode tudo. Vivemos em um meio com um forte elemento de personalização das relações de poder. Daí a necessidade de um cuidado ainda maior para se separar as funções. Se o Lula não faz isso, ele sinaliza que o desmando cometido por alguém, não importa o tamanho desse desmando, pode ser autorizado por alguém lá de cima, alguém que chega e diz que o caso não tem importância nenhuma. É uma situação que me faz lembrar aquilo que dizem que Getúlio Vargas dizia, quando governava: para os inimigos a lei e para os nossos, o tratamento que quisermos dar. Isso diminui e desqualifica a democracia.

Voltamos à questão anterior, sobre o funcionamento das instituições democráticas.

Não acho que está em questão se temos democracia. Nós temos. O que está em questão é a qualidade da democracia. Não se pode ter durante dois ou três anos um presidente que faz campanha eleitoral ao mesmo tempo que exerce as funções de primeiro mandatário. Essa separação é muito importante.

Na sua opinião, o comportamento do presidente, que desfruta de alta popularidade, é negativo para a democracia?

O presidente Lula, particularmente neste último período de governo, tem dado uma contribuição negativa para a cultura política do País. Tudo bem ele dizer que é um brasileirinho igual a você que chegou lá. Os elementos virtuosos da personalidade política não devem ser confundidos, porém, com a função presidencial. Ela tem regras, dispositivos constitucionais, que devem ser aceitos por quem quer que exerça o cargo.

Ele não deveria ter feito declarações sobre o caso na TV?

O presidente Lula poderia ter ido à TV dar explicações, dizer que a sua candidata não tem nada a ver com isso e que a oposição está explorando o fato. Mas também deveria ter admitido os erros e dizer que medidas está tomando para corrigi-los. O escárnio dele é de tal ordem que dias atrás perguntou: "Onde está esse tal de sigilo". Esse comportamento é agravado pela popularidade dele, pela sua enorme responsabilidade. Sigilo é muito relevante para a democracia. Sinaliza o primado da lei, que não deve ser usada arbitrariamente de acordo com a vontade do presidente.

O senhor não estaria sendo muito purista em relação à chamada liturgia do cargo?

Não. A liturgia do cargo ajuda a sinalizar o respeito que a autoridade tem para quem é devido o respeito - os eleitores. Isso é central para as democracias. Eu duvido que em qualquer outro país de democracia consolidada, ao ocorrer um fato dessa natureza, o ministro venha a público para se justificar e não para se desculpar. Qualquer um de nós pode cometer erros e se desculpar. Eu posso citar um autor errado numa das minhas aulas e, mais tarde, ao descobrir o erro, me desculpar perante os alunos e corrigir o erro. Uma autoridade também pode vir a público reconhecer um erro e anunciar que está tomando medidas para corrigi-lo, medidas baseada na lei, nas regras do funcionalismo. Mas o que vimos foi o ministro vir a público para se justificar, com aquele argumento, que insisto, é inaceitável. Mais uma vez querem passar a ideia de que não há nada a ser feito.

Por que mais uma vez?

Isso já aconteceu no episódio do mensalão, quando passaram a mão na cabeça dos envolvidos no caso.


QUEM É

Mestre em política e governo pela University of Essex e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), é professor titular do Departamento de Ciência Política e diretor científico do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP. Sua experiência tem ênfase em teoria democrática e comportamento político. Entre os livros de análise política que escreveu está Os brasileiros e a democracia.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Macunaíma

O que dizer depois de ler este artigo?
Macunaíma
Dora Kramer, dora.kramer.com.br - O Estado de S.Paulo

Só porque é popular uma pessoa pode escarnecer de todos, ignorar a lei, zombar da Justiça, enaltecer notórios malfeitores, afagar violentos ditadores, tomar para si a realização alheia, mentir e nunca dar um passo que não seja em proveito próprio?
Depende. Um artista não poderia, sequer ousaria fazer isso, pois a condenação da sociedade seria o começo do seu fim. Um político tampouco ousaria abrir tanto a guarda.
A menos que tivesse respaldo. Que só revelasse sua verdadeira face lentamente e ao mesmo tempo cooptasse os que poderiam repreendê-lo, tornando-os dependentes de seus projetos dos quais aos poucos se alijariam os críticos, por intimidação ou desistência.

A base de tudo seria a condescendência dos setores pensantes e falantes, consolidada por longo tempo.

Para compor a cena, oponentes tíbios, erráticos, excessivamente confiantes, covardes diante do adversário atrevido, eivados por ambições pessoais e sem direito a contar com aquele consenso benevolente que é de uso exclusivo dos representantes dos fracos, oprimidos e ignorantes.

O ambiente em que o presidente Luiz Inácio da Silva criou o personagem sem freios que faz o que bem entende e a quem tudo é permitido - abusar do poder, usar indevidamente a máquina pública, insultar, desmoralizar _ sem que ninguém se disponha ou consiga lhe pôr um paradeiro - não foi criado da noite para o dia.

Não é fruto de ato discricionário, não nasceu por geração espontânea nem se desenvolveu apenas por obra da fragilidade da oposição. É produto de uma criação coletiva.

Da tolerância de informados e bem formados que puseram atributos e instrumentos à disposição do deslumbramento, da bajulação e da opção pela indulgência. Gente que tem pudor de tudo, até de exigir que o presidente da República fale direito o idioma do País, mas não parece se importar de lidar com gente que não tem escrúpulo de nada.

Da esperteza dos arautos do atraso e dos trapaceiros da política que viram nessa aliança uma janela de oportunidade. A salvação que os tiraria do aperto no momento em que já estavam caminhando para o ostracismo. Foram todos ressuscitados e por isso são gratos.

Da ambição dos que vendem suas convicções (quando as têm) em troca de verbas do Estado, sejam sindicalistas, artistas, prefeitos ou vereadores.

Da covardia dos que se calam com medo das patrulhas.

Do despeito dos ressentidos.

Do complexo de culpa dos mal resolvidos.

Da torpeza dos oportunistas.

Da pusilanimidade dos neutros.

Da superioridade estudada dos cínicos.

Da falsa isenção dos preguiçosos.

Da preguiça dos irresponsáveis.

Lula não teria ido tão longe com a construção desse personagem que hoje assombra e indigna muitos dos que lhe faziam a corte, não fosse a permissividade geral.

Nada parece capaz de lhe impor limites. Se conseguir eleger a sucessora, vai distorcer a realidade e atuar como se presidente fosse. Se não conseguir, não deixará o próximo governo governar.

Agora, é sempre bom lembrar que só fará isso se o País deixar que faça, como deixou que se tornasse esse ser que extrapola.

Recibo. O presidente Lula resolveu reagir e há três dias rebate a oposição no caso das quebra dos sigilos fiscais para negar a existência de propósitos político-eleitorais.

Ocorre que faz isso usando exclusivamente argumentos político-eleitorais. Em nenhum momento até agora o presidente se mostrou preocupado com o fato de sabe-se lá quantas pessoas terem tido seus sigilos violados e seus dados cadastrais abertos por funcionários da Receita sabe-se lá por quê.

O presidente tampouco pareceu sensibilizado com a informação do ministro da Fazenda de que os vazamentos ocorrem a mancheias.

Esses cidadãos não receberam do presidente Lula uma palavra de alento ou garantia de que seus direitos constitucionais serão preservados.

Lula só responde a Serra, só trata do assunto na dimensão eleitoral e assim confirma que o caso é de polícia, mas também é de política.