segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ainda a questão climática


Retorno ao assunto anterior por ser uma questão que requer ações urgentes de governo, nos três níveis, para interromper o uso inadequado do solo urbano, além de estabelecer medidas de proteção às áreas edificadas em locais de risco.



Os recentes desastres no Rio de Janeiro, São Paulo e em diversas cidades gaúchas nos alertam para a necessidade de ações governamentais, pois as edificações urbanas e mesmo, rurais, não foram planejadas levando em conta rigorosa análise da natureza dos solos, dos dados climáticos que indicam as médias históricas de chuvas e dos níveis de enchente dos rios.


No início da formação da maioria das nossas cidades, certamente, não havia estudos e dados estatísticos que orientassem aos planejadores sobre a intensidade e os intervalos de repetição dos fenômenos climáticos.


Nesse sentido, o geólogo Paulo César Fernandes da Silva, pesquisador e diretor-adjunto do Instituto Geológico da secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo vai direto ao ponto central das causas e consequências, conforme se depreende de sua entrevista à Agência Brasil:


Para prevenir os problemas provocados pelas chuvas - que só em São Paulo já mataram 43 pessoas de dezembro até oito de janeiro - o remédio continua a ser o planejamento. "Uma ação contínua de planejamento e de ordenamento territorial", apesar das falhas históricas, poderia prevenir algumas das tragédias ocorridas neste verão brasileiro.


“Os municípios tem que tomar conta do uso de seu solo e da ordenação do seu território”, disse Silva. Esse planejamento, segundo ele, passaria pelas cartas geotécnicas e pelo mapeamento das regiões, com a especificação do tipo de solo e de ocupação.


Silva reconhece que a culpa pela falta de planejamento não pode ser creditada apenas aos governos atuais. “Não é que faltou planejamento em São Luiz do Paraitinga [cidade paulista que sofreu com o problema das chuvas e viu muito de seu patrimônio histórico ser perdido por causa das enchentes]. A ausência de planejamento é cultural. O que estamos vendo é que, onde há o evento, a circunstância instalada, a falta de planejamento fica mais evidente”, afirmou.


Desde o primeiro dia deste ano, quando as chuvas provocaram estragos e mortes em várias cidades de São Paulo, principalmente nas localizadas no Vale do Paraíba, o Instituto Geológico enviou técnicos para avaliar os deslizamentos de terra e alertar sobre a necessidade de remoção de famílias que vivem em áreas de risco.


Desde outubro do ano passado, técnicos do instituto vêm levantando dados sobre a bacia do Rio Paraíba do Sul, rio que dá nome ao Vale do Paraíba, para tentar mapear áreas de risco na região.


"Fizemos um levantamento em jornais de 1970 até o ano passado. E temos cadastrado 1,5 mil ocorrências, mais ou menos, de enchentes e inundações ao longo de toda essa bacia hidrográfica que envolve o Vale do Paraíba”, revelou o pesquisador. Nesta análise preliminar, segundo ele, foi possível perceber que em 1983 esta região também sofreu muito com as chuvas, como efeito do El Niño.


“Ao que tudo indica, os fenômenos atmosféricos estão recrudescendo, ou seja, estão ficando mais severos”, afirmou. De acordo com Silva, ainda não é possível dizer com certeza o que pode estar motivando a natureza, mas uma série de fatores deve ser considerada como o aumento da emissão de gás carbônico e de outros gases decorrentes da industrialização e o abatimento de vegetações.


Nesta semana, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou que pretende fazer uma intervenção maior nos licenciamentos municipais.

2 comentários:

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Prezado Vulmar Leite!
Suas sensatas ponderações, no que tange a ações urgentes de governo nos três níveis, são pertinentes! O problema cruciante para torná-las um fato é a falta da visão da premissa ambiental: "pensar global, agir local", nas políticas públicas destes Mandátios Maiores, além é claro das questões políticas, que envolvem as políticas públicas de planejar ações com resultados de longo prazo. O que nos espera?
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP

Prof.Ms. João Paulo de Oliveira disse...

Prezado Vulmar Leite!
Preciso adquirir o hábito de ler e reler mais amiúde os comentários, antes de postá-los, para evitar erros de datilografia digo digitação... Isto posto, onde se lê Madátios leia-se Mandatários. Desculpe-me por este lamentável deslize.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP